quinta-feira, fevereiro 03, 2005

... e das estrelas que esquecemos de contar.

Algumas pessoas preferem começar pelo começo. Eu gosto de começar por onde tudo começou. Poderia dizer que nos tornamos colegas de classe em 1997, mas prefiro relatar-lhes quando aprendi a chamá-lo de amigo.

São oito anos de história e oito intensos meses de convivência. Desde o dia em que precisei chantageá-lo (ameaçando cantar, se ele não tocasse), sucederam-se madrugadas inteiras no MSN, e conversas sem fim.

Dos exercícios da minha faculdade à cultura inútil dos vídeos que circulam na internet, Vitor foi meu companheiro. Uma época de me sentir dependente e dizer "só vou se ele for". E nós íamos! Éramos uma dupla: eu fazia as letras e ele música - mas nunca compusemos.

Nós nos acreditávamos e ele se tornou meu professor de teclado, da maneira mais inusitada: curso por telefone e internet! Nota por nota, acorde por acorde, pacientemente, ele me ensinou as primeiras lições. A amizade foi crescendo, tornando-se cada vez mais sólida.

Cerveja, crepe, sushi, zoológico, as longas esperas nas paradas de ônibus e uma trilha sonora à base de Chopin. Uma amizade nem de tantas farras, mas de muita dedicação. E nos tornamos confidentes. Do enorme carinho existente, surgiu o inevitável. Estávamos cada vez mais próximos e o que é nosso, conosco ficará guardado. Algumas dores, mas precisávamos entender que nossa felicidade não podia ser como tínhamos planejado...

Infelizmente, pouco depois, nem mais tantas madrugadas; conversas finitas, nada de sushi, nem crepe, nem zoológico, nem Chopin. Os programas do fim-de-semana já não eram os mesmos, mas sentíamos no outro a confiança do "conta comigo, pro que der e vier".

E tudo veio de repente, inesperado, inoportuno, inconseqüente.

Cá dentro, a saudade ignora o mundo e faz das lembranças registros indeléveis, sem tempo, presas somente a si mesmas. E, nestas recordações, eu me apego e me conforto, pois tenho a certeza de que tudo que juntos vivemos valeu.